Jovem emociona e Papa Francisco pede reabilitação da política

Um encontro marcado por palavras fortes, mensagens diretas e muita emoção. Assim foi a segunda atividade do Papa Francisco neste penúltimo dia de Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro. Após deixar a Catedral Metropolitana, o Pontífice foi ao Teatro Municipal onde falou a representantes da sociedade civil.

Antes de iniciar o discurso, o Papa ouviu um depoimento emocionado do jovem Valmir Junior, de 28 anos. Ele foi escolhido para representar a sociedade neste encontro com o Papa.

Integrante da Pastoral da Juventude no Rio, Valmir, muito emocionado, falou sobre sua trajetória de luta e como encontrou na solidariedade um caminho para a sua vida. 

Órfão de pai e mãe, Valmir chegou a se envolver com drogas na comunidade onde mora, em Marcílio Dias, na favela da Mará, mas encontrou ajuda para deixar as drogas e se formar como professor de História pela PUC, através de uma bolsa de estudos. "Tinha tudo para ser mais um jovem exterminado pela violência. Sempre presenciei o tráfico de drogas, que usava o jovem como mão de obra barata. Quando experimentei droga pela primeira vez, senti na pele as dificuldades, mas superei ao receber o apoio de minha paróquia e decidi reescrever minha história."

Valmir citou ainda as desigualdades e a pobreza no mundo. "Trago comigo a pobreza, a morte, trago a vida de todos os meus irmãos, trago a lembrança dos jovens que foram exterminados aqui bem perto, na Candelária. Trago também aqui a lembrança dos jovens que no inicio deste ano foram vitimados por um incêndio em uma boate, no sul do país, trago jovens dependentes químicos e moradores de rua e que hoje podem ser peregrinos da Jornada Mundial da Juventude."

O representante lembrou ainda que, órfão de pai e mãe, foi criado por sua família, que lhe deu amor e apoio. "O amor não está fora de moda, eu amo o próximo. Nunca quis só conseguir emprego, completar estudos, sempre quis mudar a minha vida mudando a vida de outros, ser útil é minha tarefa constante. Dedico minha vida a ser útil para transformar a realidade social da nossa juventude. Abençoa nossa juventude, abençoa a todos nós", concluiu, emocionado, Valmir, para em seguida receber um fraterno abraço de Papa Francisco.

"Entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo. O diálogo entre as gerações, o diálogo com o povo, a capacidade de dar e receber, permanecendo abertos à verdade." Este foi o pedido que o Papa Francisco fez aos representantes da sociedade civil durante um encontro no Teatro Municipal do Rio de Janeiro na manhã deste sábado.

Segundo o Papa, “a política é uma das formas mais altas da caridade e é impossível imaginar um futuro para a sociedade sem a vigorosa contribuição das energias morais numa democracia que evite risco de ficar fechada na pura lógica da representação dos interesses constituídos”.

O Santo Padre destacou ainda a necessidade do encontro entre os setores para o desenvolvimento de uma nação. "A única maneira para uma pessoa, uma família, uma sociedade crescer, a única maneira para fazer avançar a vida dos povos é a cultura do encontro, onde todos têm algo de bom para dar, e todos podem receber em troca algo de bom."

Ao final do discurso, o Papa foi cercado por crianças no palco. Em seguida, ele cumprimentou diversos representantes de vários segmentos da sociedade, inclusive um grupo de índios, que protagonizou um momento inusitado. Um dos índios deu seu cocar para Francisco, que imediatamente o colocou na cabeça, para delírio dos milhares de presentes no teatro.

Reportagem e fotos: Luciano Batista

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